A ansiedade e a depressão são dois dos transtornos mentais mais comuns e, muitas vezes, podem ser confundidos. Quem nunca se pegou perguntando: “Isso que eu sinto é ansiedade ou estou deprimida(o)?” Apesar de compartilharem alguns sintomas, esses transtornos têm diferenças fundamentais, principalmente em relação à suas causas, manifestações e tratamentos. Vamos entender melhor?
O que é ansiedade?
É como um alarme interno que deveria nos proteger do perigo, mas que, em algumas pessoas, dispara o tempo todo. Um nervosismo antes de uma reunião importante? Normal. Mas quando a preocupação se torna constante e paralisa, pode ser um indicativo para o transtorno. O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) descreve vários tipos, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno do pânico e fobias.
Sintomas e causas
Os principais sintomas incluem:
- Preocupação excessiva e incontrolável
- Irritabilidade
- Fadiga e tensão muscular
- Dificuldade de concentração
- Insônia
- Sintomas físicos, como taquicardia e sudorese
As causas podem variar: predisposição genética, histórico de traumas e até o impacto das redes sociais na necessidade de estar sempre performando.
Cerca de 264 milhões de pessoas no mundo sofrem de transtornos de ansiedade (OMS, 2021). Já no Brasil, o índice é de 19,4% da população, o maior índice global (OPAS, 2023).
O que é depressão?
Enquanto a ansiedade te deixa em alerta o tempo todo, a depressão pode ser comparada a tentativa de atravessar um pântano de lama: tudo é pesado, e você se sente sem energia. É um transtorno caracterizado por tristeza persistente, perda de interesse e desesperança. Segundo a Análise do Comportamento, ele pode surgir quando uma pessoa recebe poucos reforçadores positivos (prazerosos), o que leva à desmotivação e ao isolamento.
Sintomas e causas
Os sintomas incluem:
- Humor deprimido a maior parte do dia
- Perda de interesse em atividades do dia a dia e de prazer
- Alterações no apetite e sono
- Fadiga e baixa energia
- Sentimentos de culpa ou inutilidade
- Sensação persistente de desesperança e falta de controle
- Pensamentos suicidas
Fatores como alterações nos neurotransmissores (serotonina e dopamina), traumas e cobranças excessivas podem estar na raiz do problema. Os modelos reproduzidos em laboratórios sugerem que o estresse crônico moderado e a falta de controle em algumas situações traumáticas, podem levar a esse estado deprimido. Não podemos ignorar também os fatores psicossociais, como situação econômica e cultura em que a pessoa está inserida, como influências importantes para esse tipo de diagnóstico.
A depressão afeta mais de 280 milhões de pessoas no mundo (OMS, 2023), e dados mostram que 5,8% dos brasileiros sofrem com esse transtorno. (OPAS, 2023).
Qual é a diferença entre esses diagnósticos?
A ansiedade é aquele estado de alerta constante (“E se der errado?”), enquanto a depressão está mais ligada à desesperança (“Nada mais importa.”). Fisicamente, estar ansioso pode te deixar acelerado, enquanto estar depressivo te drena a energia.
Porém, e quando uma acaba influenciando diretamente na outra? Um dado interessante mostra que cerca de 50% das pessoas possuem ambos os diagnósticos, ou seja, apesar de terem diferenças, também carregam muitas semelhanças (Journal of Clinical Psychiatry, 2020).
É normal ser depressivo e ansioso, ao mesmo tempo?
Sim, é possível ter os dois diagnósticos. Chamamos isso de “ansiedade depressiva”, e pode parecer um paradoxo: você quer fazer tudo e, ao mesmo tempo, não consegue sair da cama. Esses transtornos têm fatores de risco comuns e, muitas vezes, se alimentam um do outro.
Justamente porque, a ansiedade pode gerar tanto medo e angústia que chega a ser paralisante, neste momento você pode experienciar aquela noção de falta de controle e desesperança, que leva a um estado deprimido, se tornando assim um “ciclo vicioso”.
Lidando com os diagnósticos
Nem sempre é fácil, mas existem caminhos baseados na ciência para lidar com ansiedade e depressão:
- Terapia analítico comportamental (TAC): Estudos mostram que a TAC é eficaz em trabalhar e treinar habilidades sociais, mas também aplicar a ativação comportamental, que se mostra essencial para a saída do estado depressivo e ansioso.
- Exposição gradual: Para a ansiedade, enfrentar medos aos poucos ajuda a reduzir a intensidade das reações.
- Atividade física: Melhora a regulação de neurotransmissores como serotonina e endorfina.
- Mudanças no estilo de vida: Ter um sono regulado e um bom suporte social fazem diferença, assim como organizar sua rotina e priorizar atividades, podem auxiliar no alívio do estresse e traçar um caminho para sair do estado deprimido e ansioso.
- Medicação: Em casos moderados a graves, antidepressivos podem ser necessários, sempre com acompanhamento médico.
Conclusão
Apesar de apresentarem muitas divergências, a ansiedade e a depressão podem apresentar convergências importantes, que se retroalimentam e pioram o seu estado psicoemocional.
Se você se identificou com esses sintomas, saiba que você não está sozinha(o). Buscar ajuda profissional é um passo essencial para entender e tratar sua saúde mental. Com o suporte certo, é possível recuperar o equilíbrio e melhorar sua qualidade de vida.