Dependência emocional: como lidar e previnir

Dependência emocional: um guia prático Aprenda a lidar e preveni-la

A dependência emocional é um padrão de comportamento que pode afetar de forma importante a qualidade de vida e os relacionamentos, levando a ciclos de sofrimento e insatisfação.

Neste artigo, vamos explorar o que é a dependência emocional, como identificá-la, suas possíveis causas e, principalmente, estratégias práticas para lidar e prevenir esse comportamento.

Com base em estudos da análise do comportamento e referências como o DSM-V, você vai entender como transformar padrões tóxicos em relacionamentos saudáveis.

Vamos nessa?

O que é dependência emocional?  

A dependência emocional é um padrão de comportamento em que uma pessoa sente profunda necessidade de estar próximo a outra, muitas vezes abrindo mão de suas próprias necessidades e desejos para manter o vínculo.

Segundo o DSM-V, embora não seja classificada como um transtorno mental específico, a dependência emocional pode estar associada a condições como o Transtorno de Personalidade Dependente e outros diagnósticos.  

Já para a análise do comportamento, assim como explica Skinner (1953), a dependência emocional pode ser entendida como um comportamento mantido por reforçadores positivos (como atenção e afeto do outro) e negativos (como a redução da ansiedade ao evitar conflitos).

Isso cria um ciclo em que a pessoa se torna cada vez mais dependente da outra para se sentir segura e validada.  

Observe se você sente necessidade constante de aprovação ou se evita conflitos a todo custo para manter um relacionamento, se sente desconforto quando é “desaprovado” pelo outro.

Esses podem ser sinais de dependência emocional.  

Como sei que sou dependente emocional de alguém?

Identificar a dependência emocional é o primeiro passo para superá-la. Alguns sinais comuns incluem:  

  • Medo excessivo de abandono: Sentir pânico só de pensar em ficar sozinho ou perder a pessoa.  
  • Dificuldade de tomar decisões: Precisar constantemente de opinião ou validação do outro para tomar decisões próprias, sempre focando no olhar e necessidade do outro.  
  • Autoestima baixa: Sentir que não é “suficiente” sem a presença ou aprovação do outro, bem como imputar a si a responsabilidade das relações fracassarem.  
  • Negligência das próprias necessidades: Abrir mão de hobbies, amigos ou objetivos pessoais para agradar/estar com o outro.  

Um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology (2017) mostrou que pessoas com dependência emocional tendem a apresentar níveis mais altos de ansiedade e depressão, além de dificuldades em estabelecer limites saudáveis em suas relações.  

Quais as possíveis causas para a dependência emocional? 

As causas da dependência emocional são multifatoriais e podem incluir aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Segundo Bowlby (1969), na Teoria do Apego, padrões de dependência emocional muitas vezes têm raízes na infância, especialmente em casos de apego inseguro, onde a criança não recebeu atenção e afeto consistentes, podendo se tornar terreno fértil para que se mantenham relações disfuncionais na vida adulta.  

Além disso, fatores culturais e sociais, como a idealização de relacionamentos românticos e a pressão por “encontrar a alma gêmea”, podem contribuir para a dependência emocional.

Somos constantemente bombardeados com padrões “irreais” de relacionamento desde a infância e isso se torna ainda pior para mulheres, que têm como modelo relacionamentos centrados na família e no homem, o que aumenta o risco de relacionamentos tóxicos e abusivos, bem como dependência emocional e financeira.

Pessoas expostas a relacionamentos tóxicos na infância têm maior probabilidade de desenvolver padrões dependentes na vida adulta.  

Como lidar com a dependência emocional?

Lidar com a dependência emocional sob a perspectiva da Análise do Comportamento envolve identificar e modificar os comportamentos que mantêm o padrão de dependência.

Aqui estão algumas estratégias eficazes:

1. Identificação dos reforçadores:

A dependência emocional é mantida por reforçadores positivos (como atenção e afeto) e negativos (como a redução da ansiedade ao evitar conflitos).

O primeiro passo é identificar quais comportamentos estão sendo reforçados e como eles contribuem para o ciclo de dependência.

Por exemplo, às vezes o que te mantém neste relacionamento é ficar calado(a) frente às demandas da outra pessoa, o que evita o abandono (reforçamento negativo), mas também ser elogiado(a) ou receber atenção do parceiro(a) (reforçamento positivo). 

    2. Extinção de comportamentos dependentes:

    A extinção ocorre quando um comportamento deixa de ser reforçado.

    No caso da dependência emocional, isso pode envolver reduzir gradualmente a busca por validação externa e aprender a tolerar a ansiedade gerada pela ausência dela.

    Por exemplo, se a pessoa costuma ligar repetidamente para o parceiro em busca de segurança, ela pode praticar adiar esse comportamento e observar como a ansiedade diminui com o tempo, por isso a importância de entender quais os reforçadores que a mantém nessa relação.

    3. Reforçamento de comportamentos independentes:

      Reforçar comportamentos alternativos e saudáveis é essencial para a mudança, como tomar decisões sozinho, investir em hobbies ou cultivar amizades fora do relacionamento.

      O reforço pode ser interno (sentir-se orgulhoso por uma conquista) ou externo (receber apoio e atenção de amigos), o mais importante é ir enfrentando os desconfortos no caminho, para que esse comportamentos sejam prazerosos a longo prazo.

        4. Modelagem de novos comportamentos:

        A modelagem envolve a aprendizagem gradual de novos comportamentos por meio de aproximações sucessivas.

        Por exemplo, se a pessoa tem dificuldade de dizer “não”, ela pode começar praticando em situações de baixo risco e, aos poucos, aplicar essa habilidade em contextos mais desafiadores. 

          Fortalecer a rede de apoio:

          Conte com amigos, familiares e até mesmo profissionais para reduzir a dependência de uma única pessoa, assim você aumenta seus reforçadores sociais. 

            Muitas vezes esses movimentos podem elevar os níveis de estresse e ansiedade, justamente por enfrentar os desconfortos e os gatilhos nas relações. Caso esteja com dificuldade, procure um profissional especializado para realizar esses manejos em conjunto, com conforto e suporte necessário. 

            5. Dicas bônus: Como PREVENIR a dependência emocional

            Prevenir a dependência emocional envolve desenvolver hábitos saudáveis e fortalecer a autoconfiança. Aqui estão algumas dicas:  

            1. Invista em autoconhecimento: Entenda suas necessidades, desejos, limites e principalmente quais são os aspectos da sua vida e história que te mantém nas relações sociais.  

            2. Pratique a independência emocional: Aprenda a se sentir bem sozinho, sem depender de outras pessoas para validação, enfrentando a ansiedade e o desconforto que vêm junto com esse estado e desenvolvendo atividades de prazer que serão praticadas sozinho.  

            3. Cultive relacionamentos saudáveis: Priorize vínculos que respeitem sua individualidade, seu espaço e promovam crescimento mútuo.  

            4. Busque terapia preventiva: Mesmo sem sinais de dependência, a terapia pode ajudar a fortalecer sua saúde emocional e te manter saudável para os relacionamentos.   

            Conclusão

            A dependência emocional pode ser um desafio, mas é possível superá-la com autoconhecimento, terapia e mudanças práticas no dia a dia. Ao identificar os sinais, entender as causas e adotar estratégias para lidar e prevenir esse comportamento, você pode construir relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios.  

            Se você se identificou com algum aspecto citado acima e precisa de ajuda, entre em contato e agende uma sessão. Junto(a)s, podemos transformar padrões tóxicos em conexões mais autênticas e equilibradas! 

            Leia mais

            Mari Ávila

            Psicóloga

            Especialista em terapia analítico-comportamental (TAC) e, nos últimos sete anos, dedicada a atuação clínica.

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